As Infecções Sexualmente Transmissíveis e sua influência na História 3ª Parte

Falaremos agora sobre as ISTs na história, seu aparecimento, sua influência na história humana e como ela foi vista durante o decorrer dos anos.

Temos registros das ISTs desde os primórdios da humanidade, vejamos esses exemplos:

  • A presença de registros sobre a Sífilis e tumbas no antigo Egito;

  • A citação da Gonorreia na Bíblia em Levítico 15:

(…) A cama em que um homem com fluxo (gonorreia) se deitar ficará impura, e qualquer coisa em que se sentar ficará impura.

(…) Quando um homem se deitar com uma mulher e lhe sair o sêmen, ambos terão que se banhar com água, e estarão impuros até à tarde.”

Fonte: Bíblia NVI

  • A sífilis foi descrita por Hipócrates em 600 a.C.

Eles tinham uma ligação grande com as atividades religiosas ligadas ao culto da deusa do Amor, das festas e festivais religiosos ligados a ela, porém, também era uma doença ligada aos movimentos militares, basta lembrar que eram muito comuns depois das batalhas os soldados vencedores estuprarem as mulheres e com isso tanto serem contaminados, como contaminarem populações inteiras.

Com o tempo, principalmente graças a influência da Igreja Católica, essas “doenças” começaram a serem vistas como castigos divinos.

A primeira grande epidemia de IST

Sífilis, aconteceu na Europa no século XVI, aconteceu logo após a Peste negra.

Por volta de 1495, o rei francês Carlos VIII invadiu Nápoles reivindicando direito àquele reino. Mas as tropas se contaminaram com uma doença nova. Ninguém jamais havia visto nada parecido. Os médicos da época não encontraram nenhuma referência nos livros. O nível de preocupação foi similar ao momento em que, séculos depois, o HIV foi descoberto.

As pessoas estavam aterrorizadas porque a doença se espalhou com uma velocidade impressionante. Chegou à Escócia, à Hungria e à Rússia. Com exceção dos idosos e das crianças, todos corriam risco de se contaminar. Estava nos bordeis, mas também nos castelos.

Acredita-se que os Reis Francisco I e Henrique III, da França, assim como o imperador Carlos V padeceram da mesma enfermidade.

Nem os monges escaparam da sífilis. A hierarquia não importava. Cardeais, bispos e até os papas Alexandre VI e Júlio II sofreram com a doença.

A velocidade com que se espalhou revela muito sobre os hábitos sexuais da sociedade naquela época.

Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/a-primeira-epidemia-de-dst-a-historia-da-doenca-sexual-que-levou-europa-a-culpar-a-america-no-seculo-16,8fba1bc8d1db4f1a33167273e6a3f86ei535e4s7.html

Nessa mesma época, estabeleceu-se uma relação entre a sífilis e o castigo divino decorrente de pecados individuais. A pessoa se contaminava se tivesse mantido uma relação sexual ilícita.

Nesse contexto, as mulheres eram consideradas as responsáveis por transmitir a doença. Eram elas que faziam os pobres homens caírem em tentação, ao estilo do casal bíblico Adão e Eva.

O estigma também afetava as crianças cujos pais sofriam com sífilis, porque era uma considerada uma doença hereditária. Gerações inteiras foram tidas como malditas.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-44844848

Uma doença que começou a ser descrita na época medieval foi a Gonorreia. Os registros os mais adiantados da doença são encontrados desde 1161 quando o parlamento inglês decretou uma lei para se assegurar de que a propagação da infecção esteja diminuída e limitada. Isto mostra que o valor do problema de saúde que público esta infecção tinha levantado então. Contudo, mesmo então a causa da infecção era desconhecida.

Isto foi seguido por uma lei similar em 1256 em França durante o reino de Louis IX. Os sintomas da infecção foram observados quando os cruzados colocam o cerco do acre.Depois que o Papa Bonifácio secularizou a prática de medicina, os doutores começaram a tratar homens comuns, assim como prostituta para esta infecção.

As então “Doenças Venéreas” foram estigmatizadas como uma doença ligadas aos desregrados, boêmios e dos(as) que viviam da prostituição, por muitos religiosos as doenças era “pragas divinas” e “castigos”.Relegados a segundo plano na medicina e na vida, o olhar sobre essas infecções mudou com a epidemia de HIIV/AIDS.

Pesquisas indicam a existência da AIDS/HIV já estava presente na humanidade desde o século XIX, porém, seu primeiro caso foi descrito em 1981, quando mortes de homens gays, por pneumonia e com Sarcoma de karposi (câncer raro de pele), começaram a aumentar em número nos EUA.

Em 1982 deu-se a essa doença o nome de AIDS e tinha uma conotação extremamente negativa, chegando a ser chamada de “câncer gay”, por acharem que estavam restritos a esse grupo, logo grupos ultra religiosos taxaram a doença como um castigo divino contra os costumes “degenerados” dessa parte da população.

Logo se viu que essa ideia estava errada e outros grupos estavam sendo atacados, como usuários de drogas injetáveis, mulheres profissionais do sexo, e os “inocentes” hemofílicos. Começaram a aparecer crianças e mulheres com o vírus, ou seja, não era uma doença restrita a homossexuais.

No fim da década de 80 começaram os primeiros infectados e mortes de famosos.

  • 1984 morre Rock Hudson, ator norte-americano

  • 1990 morre o cantor Cazuza

  • 1991 anunciado a infecção do jogador de basquete Magic Johnson

  • 1992 morre o cantor líder da banda Queen, Freddie Mercury

A descoberta do vírus, HIV, sua detecção através de exames, e descoberta de remédios que prolongavam a vida dos pacientes, veio junto com campanhas que começaram a desmistificar alguns aspectos e a mudança de como tratar elas.

De “doenças venéreas” as infecções passaram a ser chamadas de “Doenças Sexualmente Transmissíveis” acentuando o modo de contaminação, buscando a prevenção.

O estigma sobre as ISTs ainda é grande, no século XXI. Principalmente na década de 10 o que se viu foi o ressurgimento das contaminações, parecem que as novas drogas, que prolongam a vida no caso da AIDS, vacinas e antibióticos, usados em outras ISTs estão dando uma nova sensação de invulnerabilidade.

Outro aspecto importante é a diminuição das campanhas de prevenção feitas por governos.

Tratamentos

Várias ISTs, os primeiros tratamentos eram piores que a doença. Os pacientes perdiam a lucidez. O uso do mercúrio para combater a sífilis e gonorreia, continuou por muitos anos, até 1517, quando surgiu um novo remédio.

Muitas ervas foram usadas por exemplo o guáiaco, um arbusto encontrado no Haiti, supostamente era usado pelos que vinham daquela ilha. Pedaços de tronco eram fervidos em água, e o líquido, bebido duas vezes ao dia. O tratamento completo incluía passar 30 dias em uma sala extremamente quente para suar e expelir a doença.

Em alguns lugares da África, principalmente no Sul, existe uma forte crença de que caso um homem infectado faça sexo com uma virgem, ele será curado.

Devido ao estigma anexado aos portadores de ISTs, pessoa hesitaria frequentemente não procurar a ajuda quando a doença estava em suas fases iniciais, transmitindo a infecção aos sócios sexuais confiantes.

Em 1746, em Londres, o primeiro tratamento para a doenças venéreas foi disponibilizada para aqueles que procuraram a ajuda.

Um passo muito importante, se deu com a descoberta da penicilina em 1828, desde então novos antibióticos, antivirais e vacinas vem sendo descobertos, porém muitas ISTs continuam sem a cura.

Métodos de Prevenção

Como não se sabia o que causavam essas “doenças”, não sabiam como evitar, alguns se agarravam a fé, as orações e sacrifícios. Tentavam evitar os ambientes com péssimos ares, mas não havia uma noção de higiene e limpeza, principalmente na Idade Média.

Uma forma de prevenção que existia, mesmo que eles não soubessem, era pouquíssimo usada, os preservativos, ou camisinhas, sim elas existiam desde o Egito, pena que eram pouco utilizadas.


Referencia Bibliográfica:

Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST): o que são, quais são e como prevenir. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://saude.gov.br/saude-de-a-z/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-ist>. Acesso em: 01 ago 2020.

____________. Doenças sexualmente transmissíveis. Infoescola. Disponível em: <https://www.infoescola.com/doencas-sexualmente-transmissiveis>. Acesso em: 01 ago 2020.

____________. História da AIDS. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Ministério Da Saúde. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/centrais-de-conteudos/historia-aids-linha-do-tempo >. Acesso em: 05 ago 2020.

FREITAS, Keilla. Infectologista. História do HIV. Disponível em: <https://www.drakeillafreitas.com.br/historia-do-hiv/ >. Acesso em: 04 jul 2020.

____________. Alguém aqui é preconceituoso? Viver e conviver com quem tem hiv/aids. Assim não pega. Como pega e como não pega? Ministério da Saúde. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/sites/default/files/campanhas/2011/50653/diamundial2011_folder.pdf >. Acesso em: 04 ago 2020.

____________. Sífilis: sintomas, estágios, como tratar e tem cura? Redação Minha Vida. Disponível em: <https://www.minhavida.com.br/saude/temas/sifilis >. Acesso em: 28 maio 2020.

SEDICIAS, Sheila. HPV: sintomas, transmissão, cura e tratamento. Tua saúde. Disponível em: <https://www.tuasaude.com/hpv-cura-transmissao-sintomas-e-tratamento/ >. Acesso em: 04 jul 2020.

BREITENBACH, Roberta. Das ulcerações a prevenção: conhecendo melhor o herpes. Salmicroblog . Disponível em: <https://salmicroblog.wordpress.com/2017/05/12/das-ulceracoes-a-prevencao-conhecendo-melhor-o-herpes/ >. Acesso em: 04 ago 2020.

____________. O que é Herpes? Tem cura? Emagrecimento na saúde. Disponível em: <https://emagrecimentonasaude.com/o-que-e-herpes/ >. Acesso em: 04 ago 2020.

____________. A primeira epidemia de DST: a história da doença sexual que levou Europa a culpar a América no século 16. BBC News. Brasil. Série 'The Making of Modern Medicine' (Bastidores da Medicina Moderna). Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-44844848 >. Acesso em: 23 jul 2020.

MANDAL, Ananya. História da doença de transmissão sexual. News medical. Disponível em: <https://www.news-medical.net/health/History-of-Sexually-Transmitted-Disease-(Portuguese).aspx>. Acesso em: 30 de jul 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Dados e pesquisas em DST e Aids. Jan. 2011a. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pagina/dst-1>.

BRASIL, Ministério da Saúde. Estudo de Prevalência e Frequências Relativas das DST - Secretaria de Vigilância à Saúde, PN DST/Aids, 2017. BRASIL.

Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde, 2010.

Disponívelem:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_atencao_saude_adolescentes_jovens_promocao_saude.pdf>.

BRASIL. Ministério da saúde. Departamento passa a utilizar nomenclatura "IST" no lugar de "DST". Disponível em:< http://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/departamento-passa-utilizar-nomenclatura-ist-no-lugar-de-dst>.

BRASIL. Ministério da saúde. Infecções sexualmente transmissíveis: o que são e como prevenir. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-ist>

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crise do Absolutismo e Introdução ao Iluminismo - 8º Ano

As Infecções Sexualmente Transmissíveis e sua influência na História 2ª Parte

Fontes Históricas - Um texto e atividade pro 6º Ano